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Resumo: O presente trabalho visa problematizar e desenvolver questões referentes aos vínculos entre filosofia e arte, particularmente a partir do trabalho de Mira Schendel e do pensamento de Merleau-Ponty. Não se trata da filosofia como pensamento ilustrado pela obra e tampouco de uma mera demonstração de erudição. A pergunta sobre a dimensão filosófica do trabalho de Mira Schendel, artista com rara vocação para a filosofia, será abordada sob duas perspectivas: em primeiro lugar no sentido interno à obra de Schendel e, em segundo lugar, a partir das interlocuções que a artista estabeleceu com a obra de filósofos como Wittgestein, Sartre e, particularmente, com a fenomenologia, além de dialogar diretamente com pensadores como Hermann Schmitz, Vilém Flusser e Haroldo de Campos. Mira Schendel declarou diversas vezes sua admiração pelo pensamento do professor, filósofo e fenomenólogo Hermann Schmitz, da Universidade de Kiel, na Alemanha (que deu prosseguimento às pesquisas de Husserl). Esses dois eixos perpassam o conjunto da obra de Schendel, tornando possível trazer todo um percurso artístico para o debate. A tese não deixa de lado as tensões próprias do pensamento, uma vez que a filosofia de Merleau-Ponty aponta para direções que nem sempre coincidem com o trabalho da artista. No conjunto do debate estético e filosófico nos importa sinalizar os conflitos teóricos entre o conceitualismo na arte e o pensamento de Merleau-Ponty para se pensar a relação entre arte e filosofia na obra de Mira Schendel.
A dimensão filosófica do trabalho de Mira Schendel
Alves, Cauê