A conservação de marcas gramaticais arcaicas em manuscritos e impressos do português do século XVII: ortografia e nexos de coordenação nos textos seicentistas brasileiros
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Autor: Assalim, Clarice
Acervo: (us) Universidade de São Paulo
Categoria: Doutorado
Resumo: Esta tese tem por objetivos apresentar a edição criteriosa de manuscritos brasileiros seiscentistas. mostrar tendências gramaticais do português do século XVII, com base nesses manuscritos e em impressos coetâneos. analisar a retenção gráfica desses textos, muito mais próxima da escrita fonética do que da etimológica e, ainda, analisar o uso freqüente das conjunções coordenativas. A preocupação com o estado da língua portuguesa no século XVII justifica-se pela pouca quantidade de estudos voltados especificamente a esse período, através de fontes primárias, e por ser este um período em que a escrita, baseada de modo geral nos textos literários, é considerada pelos lingüistas de modo geral como pseudo-etimológica, contrariando fatos apresentados nas cartas e textos notariais seiscentistas. Os passos seguidos para a análise partiram da edição criteriosa de manuscritos seiscentistas brasileiros, da comparação com impressos e com gramáticas e tratados de ortografia de mesma época e do confronto com o que dizem os atuais especialistas em lingüística diacrônica. Os resultados obtidos permitemnos afirmar que a ortografia portuguesa do século XVII e o uso dos nexos de coordenação apresentam fortes características do português medieval, contrariando o que se pregava na época, em função da revolução filosófica desencadeada pelo Renascimento. Tal conclusão, a nosso ver, deve-se, especialmente, ao fato de a educação em Portugal, e conseqüentemente no Brasil, estar nas mãos da Companhia de Jesus, defensora da filosofia escolástica e opositora, portanto, ao pensamento racional e cartesiano dos países reformados, o que manteve Portugal afastado das grandes correntes filosóficas do século em questão.