Eu sou mulher e não tenho a pena de Homero: Theresa Margarida da Silva e Orta e as origens da escritura feminina portuguesa
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Autor: Cardoso, Beatriz Amazonas
Acervo: (us) Universidade de São Paulo
Categoria: Doutorado
Resumo: Este trabalho de pesquisa tem por objetivo estudar a singularidade da obra Aventuras de Diófanes, de Theresa Margarida da Silva e Orta, escritora portuguesa de meados do século XVIII. O fato de Theresa Margarida não pertencer aos cânones da literatura portuguesa nem da feminina constitui uma problemática que se buscou explicar neste trabalho. Criadora de um protorromance inspirado em obras clássicas como Odisséia (de Homero) e Télémaque (de Fénelon), Theresa Margarida é vista, nesta tese, como um retratista feminino dos cenários políticos, religiosos, sociais e culturais da época, em um ambiente dominantemente masculino. Como das mulheres letradas só era esperada e permitida a produção poética, a postura da autora portuguesa tem a conotação de transgressora, à luz dos conceitos de Foucault. O Iluminismo, a clandestinidade, os estrangeirados, o imaginário português, todas estas idéias entrelaçadas constituem redes de significantes e de memória que denunciam uma produção pioneira. O olhar pesquisador não se restringiu à poesia portuguesa, buscando também respostas em autoras como a mexicana Sóror Juana Inês de La Cruz, como modelo de cavilação e rebeldia. Por outro lado, há ainda a possibilidade de a obra estar, veladamente, apresentando um teatro familiar, semelhante à própria vida da autora. Sob este aspecto, alguns pontos da Psicanálise foram auxiliares na análise da criação da principal personagem feminina. Com este estudo esperouse contribuir criticamente para uma nova dimensão de conhecimento da Literatura Portuguesa, à luz da História e do sistema literário, na confluência do texto, do discurso e da ideologia