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Resumo: O presente trabalho se propõe a realizar uma análise histórica que nos possibilite interrogar quais são as condições de produção e reprodução de certos modelos (idéias e práticas) sobre o que se instituiu denominar a questão racial brasileira. O objetivo deste trabalho é mapear a proliferação de uma série de discursos em torno da construção de um projeto nacional e civilizatório que teve como eixo principal a produção de um discurso racializado, ou seja, discutir de que modo certos fatores permitiram engendrar a produção de uma estranheza eficaz a partir da criação do que convencionamos chamar de elemento negro, constituindo-se como o representante mais eficaz desse espaço social destinado a demarcar um lugar de estranhamento (o outro como perigoso, anormal, diferente etc.). Utilizando como recurso analítico principal os trabalhos de Raimundo Nina Rodrigues e da Escola Baiana de Antropologia, discutimos como esse saber acadêmico possibilitou a formulação de um modelo psicofísico de explicação sobre a degeneração da raça brasileira. Mais tarde este modelo seria substituído por uma estratégia mais englobante, o que pode ser verificado pela aplicação dos conceitos de cultura ou aculturação, e mesmo pelo emprego dos modernos conceitos psicanalíticos. O nosso propósito consistiu em analisar a produção de certas práticas sociais: a constituição de uma ciência médico-psicológica. a difusão de certas opiniões a respeito do elemento negro através da imprensa e da literatura. a constituição jurídica do cidadão negro em decorrência da implementação de uma discussão política e legislativa pré e pós-abolicionista que se produziram em torno da construção de um projeto nacional e civilizatório e que tiveram como eixo principal a produção do elemento negro como personagem principal desse novo enredo: uma ortodoxia da cor. Optamos por discutir o processo de formação do Brasil e do brasileiro em finais do século XIX e início do século XX (período compreendido entre as décadas
As ilusões da cor: sobre raça e assujeitamento no Brasil
Martins, Hildeberto Vieira