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Resumo: No campo ampliado da cultura contemporânea, arte e arquitetura partilham cada vez mais questões comuns. Assim, seja em relações de colaboração, ou seja em relações de afrontamento, a arquitetura e a arte hoje dissolvem suas antigas fronteiras disciplinares para compor um poderoso complexo social e midiático, cujo sentido é fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo. Sem isolar a problemática brasileira em relação ao conjunto da produção mundial, esse trabalho se propõe o desafio de pensar o eclipsamento da tectônica, da materialidade e da noção de trabalho em um mundo globalizado e dominado por produções imateriais de valor, como o capital financeiro. Evitando estabelecer um juízo definitivo sobre essa questão, procura-se entender como as produções de alguns arquitetos e artistas contemporâneos lidam com a realidade de um mundo cada vez mais impalpável e convertido em imagem, isto é, consumido permanentemente. A hipótese assumida aqui é a de que, na impossibilidade de se restaurar a resistência do mundo e da matéria - que pudesse recolocar em causa a estética da formatividade moderna -, alguns dos melhores artistas e arquitetos contemporâneos traduzem o dilema atual na forma de uma perda de foco da imagem ou do objeto, que se traduz também em uma voluntária busca pela ausência de forma. Desse modo, a poética do informe e a nuvem são, a meu ver, expressões potentes da crise contemporânea.
Dentro do nevoeiro: diálogos cruzados entre arte e arquite ...
Wisnik, Guilherme