Estruturas serializadas no português do Brasil: a gramaticalização de vir e virar e sua identificação como verbo serial
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Autor: Bernardo, Kelly Viviane
Acervo: (us) Universidade de São Paulo
Categoria: Mestrado
Resumo: No presente trabalho, analiso o comportamento funcional dos verbos vir e virar, no português brasileiro contemporâneo, desde a sua atuação em estruturas simples à formação de estruturas complexas. Desenvolvida sob o paradigma do funcionalismo lingüístico, esta dissertação baseiase em dados de língua falada, coletados a partir do banco de dados do projeto PEUL e NURC. A fim de sustentar a hipótese que permeia o objetivo deste trabalho, também foram coletados dados de língua escrita e falada através do mecanismo de busca Google e, também, do corpusdoportugues.org. A partir da amostra constituída, verifico a possibilidade de derivação de um uso a outro, os quais são organizados em padrões funcionais. Desta forma, são demonstrados casos em que, à medida que novas estruturas são colocadas em uso, os verbos, em análise, apresentam, gradativamente, um desgaste semântico, seguindo, assim, uma linha unidirecional de desenvolvimento. Em oposição aos estudos de gramaticalização que, segundo os autores, visam a um percurso unilinear quanto ao desenvolvimento de um léxico em que podemos reconhecer pontos e estabelecer derivações entre esses pontos, testo a validade da teoria multissitêmica, que nega o processo de derivação. As discussões tecidas culminam com a formulação de questionamento relativo à direção de mudança assumida pelos itens: vir e virar percorreriam um caminho unidirecional ou multidirecional de desenvolvimento? Apresento, então, evidências de que ao mesmo tempo em que há a derivação, apresentando, assim, um desgaste gradativo de desenvolvimento, há também a simultaneidade de processos. Ainda, com base nos dados expostos, observo o uso de uma estrutura que permanece fora do âmbito da literatura lingüística. Tratase das estruturas que apresentam seqüências verbais, aqui rotuladas de serialização verbal, em que o verbo que ocupa a primeira posição da sentença apresentase quase ou totalmente dessemantizado, podendo assumir uma categorização sintática de VERBO